quinta-feira, setembro 20, 2012

Jornada difícil para equipas portuguesas




As equipas portuguesas presentes na Liga dos Campeões não tiveram vida fácil nesta primeira jornada. Uma vitória, um empate e uma derrota foram os resultados de FC Porto, Benfica e SC Braga.
O FC Porto foi a primeira equipa a entrar em campo. Em Zagreb, os azuis e brancos dominaram a partida desde o início, enquanto o Dínamo apostava no contra-ataque. Esse domínio reflectiu-se no golo alcançado aos 41 minutos através do mais recente capitão Lucho. O médio, que horas antes tinha recebido a triste notícia do falecimento do seu pai, optou por jogar e marcou mesmo na recarga ao cruzamento de Alex Sandro que o guarda-redes Kelava defendeu para a frente. Na segunda parte, a tendência de jogo permaneceu inalterada, o FC Porto continuou a dominar e a pautar o ritmo de jogo, chegando ao 0-2 já em cima da hora através de Defour.
Consciente que a história não estava do seu lado, o Benfica entrou no Celtic Park sem Luisão e sem Maxi Pereira, ambos castigados. Os encarnados iniciaram o jogo algo nervosos e foi o Celtic a comandar as ocorrências. A primeira parte ficou marcada por muita luta a meio campo, muitas perdas de bola e muitas faltas cometidas, pelo que as oportunidades de golo foram escassas. No entanto, aos 31 minutos, Rodrigo surgiu na cara do guarda-redes Forster, foi derrubado e ficou a pedir penalti, mas o árbitro Nicola Rizzoli nada assinalou. Depois do intervalo, e já com Cardozo e Bruno César em campo, o Benfica soltou-se mais e conseguiu chegar com algum perigo junto da baliza escocesa mas o resultado não se alterou. Manteve-se a maldição de Glasgow!
Por seu lado, o SC Braga recebeu os romenos do Cluj com imensa expectativa por parte dos seus adeptos. Com Manchester United e Galatasaray a completarem o grupo, os minhotos tinham quase a obrigação de vencer para alimentar esperanças de chegar aos oitavos-de-final e até entraram melhor no jogo, mas foi num contra-ataque rapidíssimo conduzido pelo nosso conhecido Sougou, que o Cluj chegou à vantagem através de Rafael Bastos, precisamente um ex-jogador do SC Braga. Contudo, a equipa de José Peseiro respondeu da melhor maneira e podia ter chegado ao empate por duas vezes, primeiro por Mossoró e depois por Hugo Viana. Duas oportunidades falhadas que custaram caro pois, aos 34 minutos, Rafael Bastos bisou numa jogada em que ultrapassou vários adversários pelo corredor esquerdo antes de fuzilar Beto. Na segunda parte, o SC Braga tudo fez para chegar ao golo, beneficiou de mais três boas ocasiões para marcar, mas o guarda-redes Mário Felgueira rubricou um leque de grandes defesas que mantiveram o resultado até ao apito final.
Com estes resultados, o FC Porto subiu ao primeiro lugar do grupo A juntamente com o PSG, o Benfica ocupa o segundo lugar do grupo G a par do Celtic e o SC Braga é o último classificado do grupo H com 0 pontos, os mesmos do Galatasaray.
Na próxima jornada o FC Porto recebe o PSG, o Benfica defronta o Barcelona na Luz e o SC Braga desloca-se à Turquia para defrontar o Galatasaray.

terça-feira, setembro 18, 2012

"Hart", engenho e golo de Ronaldo na vitória do Real


Jogo de loucos no Bernabéu 


Depois de ter afirmado que “não tinha equipa”, José Mourinho preparou uma remodelação no onze para o confronto da 1ª Jornada da Liga dos Campeões frente ao Manchester City. Deixou Sérgio Ramos no banco, lançando o jovem Varane no centro da defesa e apostou em Essien para formar o triângulo do meio campo com Khedira e Xabi Alonso com o intuito de travar o poderio ofensivo dos citizens.
A mensagem no balneário parece ter passado e o Real Madrid entrou em campo totalmente transformado daquele que se apresentou no fim-de-semana em Sevilha. Muito pressionante, com muita assertividade no momento do passe, muita confiança na elaboração de jogadas ofensivas e sempre com uma agressividade na procura da bola que impediu que o City criasse perigo.
Cristiano Ronaldo entrou a todo o gás e iniciou um duelo interessante com Joe Hart que se prolongaria durante toda a partida. Foram várias as vezes em que o português tentou chegar ao golo através de potentes remates de fora da área, mas o guardião inglês estava em noite inspirada.
Também Higuaín e Khedira tiveram a oportunidade de inaugurar o marcador mas ambos não conseguiram desfeitear Hart.
A segunda parte começou da mesma maneira que acabou a primeira. Maior iniciativa do Real, enquanto o City demonstrava grande consistência e equilíbrio a defender.
Mancini foi o primeiro a arriscar e lançou no jogo Dzeko para o lugar de David Silva. Mourinho respondeu logo a seguir e substituiu Essien por Özil mas foi o City a chegar primeiro ao golo. Yaya Touré libertou-se de três adversários e serviu Dzeko que, na cara de Casillas, fez o 0-1.
Em desvantagem, Mourinho arriscou tudo e fez entrar Módric e Benzema de uma assentada. Os merengues voltaram à carga, mas Touré até poderia ter feito o segundo. A bola passou ao lado e no minuto seguinte Marcelo empatou. Depois de duas tentativas de pé esquerdo, o lateral brasileiro puxou dos galões e de pé direito colocou o Real de novo na luta pela vitória.
Aos 86 minutos, na cobrança de um livre lateral, Kolarov marcou o segundo para os ingleses e silenciou o Bernabéu.
Mas as surpresas ainda só iam a meio! Dois minutos depois, Benzema restabeleceu o empate num remate à meia volta e devolveu a esperança aos adeptos.
Já no último minuto, e no seu décimo remate à baliza de Joe Hart, Ronaldo deu a vitória ao Real Madrid e fez José Mourinho saltar do banco e demonstrar toda a sua euforia de joelhos no relvado.
Um jogo de loucos que recuperou a alegria de Ronaldo e a “equipa” de Mourinho!

segunda-feira, setembro 17, 2012

Primeiro teste milionário


Dragões e Águias apresentam-se pela primeira vez sem Hulk e Witsel


Depois dos compromissos das Selecções, FC Porto e Benfica regressam à competição e, mais propriamente, à Liga dos Campeões, onde discutem os primeiros pontos da época na fase de grupos.
Os azuis e brancos estreiam-se este ano na maior competição de clubes da Europa numa visita a Zegreb para defrontar o Dínamo, enquanto as águias se deslocam à Escócia para medir forças com o Celtic de Glasgow.
Apesar de se tratarem de jogos da Champions, a maior curiosidade em ambas as partidas será certamente descobrir como as duas equipas vão entrar em campo depois das saídas de duas pedras fundamentais – Hulk no FC Porto e Witsel no Benfica.
Sem o Incrível, o FC Porto terá seguramente menos capacidade explosiva, menos potência e menos velocidade. Perdeu-se o jogador que resolvia quando o colectivo não funcionava e, por isso, Vítor Pereira terá que arranjar uma solução no plantel, uma vez que não é possível ir ao mercado. James parece ser o seu natural substituto e até já recebeu o aval do próprio Hulk que assegurou que o jovem colombiano o fará esquecer no seio dos adeptos.  
Assim, frente ao Dínamo de Zagreb, o FC Porto apresentará uma frente de ataque inédita composta por Varela na direita, James na esquerda e Jackson Martínez na frente.
Do lado do Benfica, a saída de Witsel para o Zenit parece ter criado mais problemas. Depois de Javi Garcia ter rumado ao Manchester City dois dias antes, Jorge Jesus viu partir um dos seus mais influentes jogadores. Witsel era o chamado box-to-box no Benfica, o pronto-socorro que defendia bem, atacava bem, ocupava os espaços, marcava golos e até substituía Maxi Pereira no lado direito da defesa quando o uruguaio estava impedido de dar o seu contributo.
Com a sua saída e com a escassez de médios centro no plantel, o treinador encarnado vê-se obrigado a moldar a equipa a outros princípios de jogo e, possivelmente, a outro sistema táctico. Carlos Martins, Aimar e Bruno César são as alternativas possíveis.
Antevê-se assim uma prova de fogo para FC Porto e Benfica que servirá para avaliar a capacidade de adaptação às circunstâncias de Vítor Pereira e Jorge Jesus. 



quinta-feira, setembro 06, 2012

Mónica Mendes - a heroína nacional


«Foi um sentimento único, sensacional, indescritível, inexplicável, fenomenal e histórico» - Mónica Mendes


Mónica Mendes é jogadora da Selecção Nacional de Futebol Feminino e foi a autora do golo à Bélgica que apurou Portugal para a primeira fase final de um Campeonato da Europa de Futebol Feminino que se realizou em Julho, na Turquia. 
Em entrevista exclusiva, dá-nos a conhecer alguns pormenores da sua carreira, o que sentiu no momento em que viu a bola entrar no jogo com a Bélgica e as emoções que viveu ao representar Portugal num Campeonato da Europa.



Fábio Aguiar: Como nasceu a tua paixão pelo futebol?
Mónica Mendes: Desde pequenina sempre acompanhei o meu pai para tudo. Ele foi guarda-redes durante 20 anos e agora ensina futebol em escolas e colégios como modalidade extracurricular. Eu como acompanhava o meu pai para todo o lado, comecei a ir para as aulas dele desde os meus 3 anos. Foi aí que tudo começou.

FA: Quando decidiste envergar por este caminho, como foi a reacção da tua família?
MM: A minha família é toda ligada ao desporto, portanto respira-se desporto na minha casa. Eu sempre fiz muito desporto e cheguei mesmo a competir por dois desportos ao mesmo tempo desde muito cedo até ao ano passado. A reação da minha família foi normal, apoiaram-me desde início, porque eu no fundo estou a fazer algo que gosto, que me faz feliz e que me realiza como pessoa e como atleta.

FA:Depois de duas épocas ao serviço do 1º Dezembro, como surgiu a oportunidade de representar os Scorpions (UTB - University of Texas at Brownsville)?
MM: Apesar de eu fazer muito desporto desde pequenina, como referi anteriormente, nunca meti a escola de lado e apesar do pouco tempo que tinha para estudar, sempre dei o meu máximo para obter o melhor rendimento escolar. Esta oportunidade surgiu porque o treinador da minha Universidade estava a precisar de jogadoras e entrou em contacto comigo, através da Profª Mónica Jorge, e sendo eu uma atleta internacional, uma vez que jogava pela Seleção Nacional Portuguesa Sub-19, e ao mesmo tempo uma estudante que estava acabar o secundário, com boas notas, ofereceram-me uma bolsa de estudo de atleta-estudante, o que me proporciona conciliar os meus estudos e jogar futebol num nível superior em relação a Portugal, pois as condições que oferecem são diferentes. 

FA: Como descreves esses momentos vividos nos EUA?
MM: Uma aventura muito positiva, onde estou aprender bastante tanto na parte pessoal como na parte futebolística.

FA: Estás a iniciar outra nova aventura nos EUA. Que expectativas tens para esta nova etapa no DC United?
MM: Quanto ao DC United Women é uma competição aparte, ou seja, é um clube que está inserido no campeonato semi- professional (W-League) e sub-20 (W- League USL) dos EUA durante três meses (Maio, Junho e Julho). Como tal, esta foi a minha primeira experiência num campeonato deste nível e a treinar com jogadoras de top mundial, visto que uma das minhas colegas pertence à Seleção principal dos  EUA (esteve agora a disputar os Jogos Olímpicos onde se sagrou Campeã Olímpica) entre outras que são presença assídua nos diversos escalões. Apesar de treinar com as duas equipas acabei por ser titular e jogar todos os jogos, em que estive presente, pelas sub-20. Fizemos um grande campeonato visto que ganhámos a conferência e apurá-mo-nos para as finais dos EUA onde em quatro dias tivemos quatro jogos de grande intensidade debaixo de uma temperatura que quase estorricava. Conseguimos chegar à final e sagrá-mo-nos Vice Campeãs dos EUA em Sub-20, o que é algo muito difícil visto que há centenas de equipas e estamos a falar de um país com 52 estados (só para termos noção do quanto difícil é chegar à fase final). Resumindo, estes três meses foram simplesmente memoráveis e não podia pedir mais…fomos fantásticas!


FA: Representar a Selecção Nacional sempre foi o teu grande sonho?
MM: Sim! Representar a Seleção Nacional sempre foi o meu grande sonho. Eu sou uma pessoa que amo literalmente o meu País. Desde sempre fui uma pessoa muito patriota e nacionalista e por isso ter a oportunidade de representar a Seleção Nacional foi algo que sempre ambicionei para a minha vida desportiva.

 FF: Qual a tua primeira internacionalização?
 MM: A minha primeira chamada à Seleção foi em Agosto de 2008. No entanto, não tinha idade para participar no 1º torneiro de apuramento para o Campeonato da Europa e por isso a minha primeira internacionalização foi no dia 7 de Abril de 2009 frente à Bélgica nos jogos de preparação para o 2º mini torneio de apuramento para o Campeonato da Europa 2009.

FA: O golo marcado à Bélgica que apurou Portugal para o Europeu Feminino de Sub-19 foi, certamente, um momento marcante na tua carreira. O que sentiste nos momentos seguintes a esse grande feito?
MM: Este foi sem dúvida um dos momentos mais marcantes na minha ainda jovem carreira desportiva e será para sempre um momento de pura felicidade quando se falar da história do futebol feminino português. Considero um golo de equipa e não individual e por isso o que senti foi euforia total. Desde que marquei o golo até voltar para os EUA (quatro dias depois), senti algo que nunca tinha sentido… não conseguia respirar bem e chorava de tremenda euforia, arrepiava-me ao ler as notícias, não conseguia ver fotos ou vídeos porque desatava a chorar de enorme felicidade e o meu coração batia como nunca! Foi um sentimento único, sensacional, indescritível, inexplicável, fenomenal e histórico. Foi um feito que jamais esqueceremos e não há palavras para descrever o que aconteceu naquele dia na Figueira da Foz!


FA: Representar o seu país num Campeonato da Europa é o sonho de qualquer jogadora ou qualquer atleta. Que emoções tiveste ao ouvir o hino nacional no primeiro jogo na Turquia?
MM: Este dia não foi só o primeiro jogo do Europeu, mas sim o primeiro jogo de uma Seleção Portuguesa Feminina numa fase final de um Campeonato da Europa e nós estávamos lá. Já por si era um momento especial e marcante nas nossas vidas e quando ouvi o hino foi mais um momento de tremenda alegria onde não consegui conter a minha emoção. Por mais que tente dizer o que senti naquele momento, não há palavras para descrever.

 FA: Qual o melhor momento da tua carreira?
MM: O melhor momento da minha carreira como futebolista, até ao momento, foi sem dúvida termos conseguido apurar-nos e ter representado Portugal ao mais alto nível numa fase final do Campeonato da Europa 2012 na Turquia.


FA: Em Portugal, o futebol feminino ainda passa um pouco despercebido e não há muita divulgação por parte dos media. Na tua opinião, o que é necessário fazer para alterar este panorama?
MM: Eu acho que primeiro do que tudo temos que tentar mudar a mentalidade da nossa sociedade, mas como é lógico é um longo processo e que ainda vai demorar. No entanto, este factor está relativamente melhor em comparação à cinco ou dez anos atrás. Penso que o facto de termos feito um grande Europeu e de termos chegado à semi-final (contra todos os que diziam que íamos levar cabazadas e voltar logo a dia 9 para casa) e o jogo ter passado na televisão deu outra imagem e as pessoas (mesmo aquelas que nunca nos apoiavam ou nem sequer sabiam da nossa existência) conseguiram apreciar e valorizar o nosso talento gostando da maneira como jogamos futebol. Penso que ganhámos muito mais adeptos no futebol feminino português! Também acho que a Federação Portuguesa de Futebol está a fazer um óptimo trabalho no que toca a promoção do Futebol Feminino Português. Em termos de media, o jornal “a Bola” deu uma enorme ajuda visto que já temos direito à “nossa” página no jornal o que ajuda ainda mais na divulgação. Se tivesse que ter uma ideia para alterar este panorama imediatamente tentaria apostar na televisão porque a partir do momento que há televisão, vão aparecer patrocinadores originando maior movimento de outros clubes (e quem sabe os grandes de Portugal), suportando mais os que existem, sendo também uma forma de chegar mais perto da nossa sociedade e ajudar na maneira como esta olha para o futebol feminino em Portugal.

FA: Neste momento, qual é o teu maior sonho?
MM: O meu maior sonho é continuar o meu caminho sempre com a paixão que tenho pelo futebol e com a alegria de sempre. Tenho objetivos na minha vida e é por eles que trabalho e tento superar-me diariamente. Acima de tudo, sonho em ser feliz a fazer o que mais gosto! Se assim for muito outros sonhos poderão aparecer num futuro próximo.