Com
a conquista da quarta Bola de Ouro consecutiva, Lionel Messi conseguiu alcançar
um feito nunca antes visto, assinalando assim um dia histórico para o futebol
mundial. A juntar a este grandioso galardão, o astro argentino soma ainda o
recorde de 91 golos marcados no ano civil de 2012 o que, aos 25 anos, o coloca numa
posição muito privilegiada para se tornar no melhor jogador de todos os tempos.
Deste modo, a atribuição de uma Bola
de Ouro a Messi nunca pode ser considerada injusta nem posta em causa. A
questão aqui é outra.
Depois
de em 2008 Cristiano Ronaldo ter ganho a Bola de Ouro, passou a assistir-se a
um domínio avassalador de Messi no que diz respeito ao vencedor do prémio. Dada
a sua importância no panorama dos títulos individuais do futebol mundial,
torna-se fundamental analisar a prestação de cada jogador mas, acima de tudo decidir
quais os critérios a seguir de forma a que todos os anos se atribua da forma mais
justa a Bola de Ouro.
Nesse
sentido, a FIFA teve a preocupação de esclarecer que, para além do rendimento
individual, a conquista de títulos colectivos – pelo clube e/ou pela respectiva
Selecção – de cada jogador seria um factor importante na decisão final relativa
ao vencedor do prémio.
Em 2009, o Barcelona dominou o futebol europeu e mundial,
vencendo tudo o que disputou: a Liga Espanhola, a Taça do Rei, a Supertaça
Espanhola, a Liga dos Campeões, a Supertaça Europeia e o Mundial de Clubes.
Como tal, Messi sucedeu ao português e conquistou a primeira Bola de Ouro da
carreira.
No ano seguinte, na época de estreia de Ronaldo em Espanha, o
Barcelona renovou o título espanhol, a que juntou também a Supertaça. Messi
voltava a vencer o prémio de jogador do ano, enquanto Cristiano Ronaldo ficava
novamente em 2º lugar.
Em 2011, e ao ritmo do tiki-taka, a hegemonia do Barça
parecia não ser ameaçada e Guardiola somava uma vez mais a conquista da Liga
Espanhola, a Supertaça, a Liga dos Campeões, a Supertaça Europeia e o Mundial
de Clubes. No entanto, ficou uma espinha atravessada, a Taça do Rei diante do
Real Madrid. A equipa catalã viu-se pela primeira vez nos últimos anos derrotada
numa final pelo seu maior rival, num jogo decidido por… Cristiano Ronaldo. O português marcou o golo da vitória e abriu
um furacão de interrogações em torno do suposto final da hegemonia blaugrana em
Espanha. Este factor de discussão aguçou-se ainda mais quando CR7 se tornou o
melhor marcador da Liga Espanhola, com 40 golos, superando Léo Messi.
Na época transacta as dúvidas dissiparam-se com o Real Madrid a
superiorizar-se ao Barcelona e a conquistar a Liga Espanhola e a Supertaça ao…
Barcelona. CR7 carregou os merengues, ao somar 46 golos no campeonato (menos 4
que Messi), deu a vitória decisiva ao Real Madrid em pleno Camp Nou e ainda lançou
a equipa de José Mourinho para uma grande vitória na Supertaça com dois golos
em dois jogos frente ao grande rival. Além disso, pela selecção de Portugal foi
o melhor marcador da fase de apuramento para o Euro 2012, com 7 golos, e na
fase final deu a vitória à equipa das quinas diante da Holanda, ao apontar dois
golos, e frente à República Checa nos quartos-de-final ao marcar o golo da
vitória.
Perante isto, as questões centrais
são estas: se até hoje os títulos
colectivos eram tidos em conta na atribuição da Bola de Ouro, porque é que em
2009 Wesley Sneijder venceu a Serie A Italiana, a Taça de Itália, a Liga dos
Campeões e ainda foi à final do Mundial na África do Sul com a selecção da
Holanda e foi esquecido no momento da entrega da Bola de Ouro? E será que
alguém se esqueceu do que venceu o Real Madrid no ano passado, tendo como
principal responsável Cristiano Ronaldo? Por outro lado, se os feitos
individuais são os mais importantes, porque é que Messi venceu o prémio em
2011, quando Ronaldo foi o Bota de Ouro e deu a Taça do Rei ao Real Madrid frente
ao Barcelona no mesmo ano?
Das duas uma, ou na eleição da FIFA
para a Bola de Ouro não há critérios ou então são utilizados quando dá jeito.
Após o dia de ontem uma coisa ficou
esclarecida, se depois da brilhante época que fez no Real Madrid e na Selecção
Portuguesa Cristiano Ronaldo não venceu o prémio, dificilmente o conseguirá
futuramente pois… é português!
O título é bastante pertinente. Adoro a maneira como usas a ironia para apontar os factos de uma FIFA "quebrada". O texto está muito bem escrito e organizado. Está uma linguagem simples, limpa e actual. Eu não faria melhor :)
ResponderEliminarUm dos melhores artigos que li teus.
Parabéns.
Muito obrigado :)
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